Reflexo ilusório num espelho de Alma,
Sussurros emudecidos no desespero de um grito Onde se afogam as mágoas, Onde se perde quem aqui se encontra E se levanta, Perante tamanha façanha Que é o calor do teu corpo. Valsas dançamos Neste cenário macabro, Onde deitamos os nossos sonhos Onde sonhamos acordados, E despertamos a nossa ira. Valsas dançamos,amor, Ao som de crepitantes silêncios Que os nossos lábios articulam, Como esboços...
por Ayra |
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Sou na noite
O que a noite me transforma, Onde me transformo E me sacio. Sou na noite Aquilo que se forma No limiar do real. De nada sabem os descrentes De nada serve que creiam. De nada surjo Do nada parto E esta noite me abraça Num doce testemunho.
por Ayra |
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Largaste-me solta Caindo no abismo Nesse abismo que são os teus olhos, Espaço onde navego Onde navegava, Nos dias passados Quando essa luz me iluminava Por segundos, Por breves segundos, E eu mergulhava... Esses olhos, Onde escondes um mundo, Por onde se solta a tua dor, Esse vazio, Quando te perdes... Para onde olham Esses olhos, Quando a Solidão desgasta a tua Alma? Para onde clamam, Quando se lamúria O teu peito, Quando te doi o Amor, Quando a escuridão da noite Não basta Para acalmar o negro desse turpor? Os teus olhos, Beleza que enche o infinito, Que me acalma a minha raiva...
Não me demovas da minha vontade nem daquilo que me mantém suspensa... Não me demovas da liberdade de apenas pensar, no lugar onde os outros sonham. Estou submersa no lugar onde me encontro, olhando esta margem, vagueando com o olhar de quem espera, tremendo á deriva deste sentimento de que serás Solidão em mim. Não me desgasto, porque já não tenho vontade, ainda que dos meus lábios se solte o teu nome, num sussurro.
por Ayra |
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Nevoeiro...
Nebulado dos desejos, Turbulência dos sentidos. Nevoeiro... Quem melhor me conhece, Até para quem desconhece A verdade do que sou... Tu que cobres E abraças, Confortando amargamente O meu impulso de morrer, Envolve-me em seu lugar Uma vez mais. Envolve-me e apaga Tudo isto em que me tornei. È teu, O poder da frieza Que carece a minha mente. È tua,esta Solidão Do meu amar descontente...
por Ayra |
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Supostamente em leitos distintos, Construimos sonhos iguais Imparciais Incrediveis na verdade de tudo isto. Nada nos pode transformar,nada... Nada nos distingue, Nem apenas um olhar, Um lugar De onde adorar este luar. Supostamente, Não nos cruzaremos Nem no mais solitário cenário. Supostamente,para ti. Nada nos faz rir Que nos faça rir juntos, Nada,mesmo nada. Em lugares comuns Tão distantes, Os mesmos lamúrios de dor Embora calados, Castigamos estas paredes Com a marca da Solidão. Orgulhosamente imperadores Tanto eu como tu, Num masoquismo macabro Erguemos o queixo Neste acto de ignorância.
por Ayra |
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Sangue,
Desejo que nos une Desejo que nos completa, Saciando os nossos corpos, Numa valsa de luxúria. Jamais seremos aceites, Na penumbra putrefacta Em que se arrasta esta multidão. Onde começam os sonhos, Construiremos a nossa realidade... E apenas prevalesce o sentimento, Neste momento só nosso Onde nada mais terá lugar. Prevalesce a sombra Dos nossos corpos unidos, Eternos, No pesadelo dos que sonham.
por Ayra |
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Disturbio No sossego do encanto, Que se deleita neste canto, E amarga a vontade. Descalça sobre os estilhaços De um quadro inacabado De uma taça de licor, Acordo em sobressalto Deste disturbio arrasador. Embebida no veneno De um pesadelo paranormal Fico rouca do terror, Sonhei que era mortal...
por Ayra |
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Lançados ao acaso Nas catacumbas da mente, Reflectimos, Perplexos, O limiar da loucura dos outros, Ao laçar de uma corda no pescoço...
por Ayra |
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Murmúrios que reaparecem Sussurrando o meu nome, E o teu. Ecos que nos ensurdecem À nossa passagem nesta multidão. Tu desse lado, Eu deste lado, E ambos opostos á verdade de todos. Ah se sei como te perdes, Sentado na tua Solidão, Castigando a tua vontade De não ser mais parte deste mundo. E se sei, Como são melancólicos, Os gritos da tua Alma, Como é triste O choro na tua voz...
por Ayra |
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Conformidade,
Auto-flagelo por uma dor imparcial ao corpo E somos objectos inutilizados De tudo isto... Dor que se revela, Imóvel,majestosa Nestas paredes No meu corpo. Dormência... Inicio de um estado de transe, Que quase enlouquece... E uma sonolência mortal Abraça o meu último suspiro. Sou livre, Finalmente...
por Ayra |
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