Sussurar de um vazioQue não acaba nunca, E se despede para voltar Em todo o instante, Furtando a calma e o soneto Que ensurdece o mundo. Apagamos os passos Que demos em nossa direcção. Apagamos os vestigios,as palavras Soprando para o alto Contra nós e contra a nossa vontade. Somos tão perto e tão longe, Da realidade daquilo em que nos tornámos. Sou pequena demais para o teu mundo, Ès enorme e voraz demais para o meu. Não te quero, Nada quero, E ainda te espero... Como pode ser tão doce, A irónica contradição do amor... E se de amor se trata Que de amor eu me sirva. Jamais serão as palavras De tamanha ironia Que me trarão o recorte do teu rosto. Palavras serão não mais que e como jazigos, Onde profano a minha vontade, Onde morres lentamente dentro de mim.
por Ayra |
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Engolir em seco os pensamentos,sentir o gosto amargo nos lábios que isso provoca.Não existe nada do lado de fora que seja mais interessante do que este canto.Engolir em seco,tapando os ouvidos,gritando em vão na tentativa de calar os gritos da Alma,enquanto o abismo que não deveria de ser tão grande,se mostra por debaixo dos pés como um monstro terrível que nos quer devorar sem piedade...Chorar,que deve ser ranho e baba e sangue e dor,é o nó na garganta que não desata há tempo demais.Acabou de chover,mas a chuva não limpou os restos mortais da minha busca.Os meus passos ainda jazem na calçada horrivel e esburacada,que nas horas atrás me guiavam cegamente a lado nenhum,procurando...caçando...gemendo... A culpa não é tua.Se estou entregue a um sofrimento infestado de auto-piedade,é auto-flagelo...não uma culpa que te possa atribuir. O mais provável é eu ser insignificante,que tu não queiras saber ou até que já não exista para ti,mas não tens culpa. Gosto do cheiro que fica no ar depois de chover.Amo o rio banhado em prata,enfeitiçado com a beleza do luar.
por Ayra |
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